«A vida rolava bem sem grandes males até que um dia vê a sua vida cair num precipício. Aquela cara alegre vê de uma assentada perder pai efectivo e tio pai e desde ai a sua vida dá uma volta de 360º e tudo o que faça parece-lhe não ter mais sentido na sua vida. Mas tudo isto é normal à lei da vida, a morte e o saber lidar com ela mas neste caso perde dois seres que tanto gostava».
A questão aqui é saber lidar com as pessoas que ficam cá, com os sentimentos delas e com as acções que tomam depois do trágico mas natural acto da vida humana, a morte.
Ninguém está livre disto e cada pessoa reage de forma diferente, pensa que pode impor a sua vontade ao outro. O que tento perceber é a razão de muitos de nós não vermos com bons olhos um novo relacionamento depois da morte por parte de uma mãe ou pai, ou mesmo de tios que nos criaram.
Sou de acordo que temos de ser felizes, trabalhar para isso e todos os dias inventar novas motivações, mas há tempo em que temos de olhar para o outro. A vida acaba para quem nos deixa mas para quem cá fica os dias continuam e são essas pessoas que vão ter de inventar em dobro motivações para manter um nível emocional aceitável. Achamos que a simples razão de ter outra pessoa em casa é uma falta de respeito para com quem nos deixou, temos ciúmes, não queremos que essa pessoa toque no nosso ente querido, enfim, ficamos um pouco egoístas porque não vemos o outro lado.
No outro lado está uma pessoa que pode, se o entender, prosseguir a vida dentro dos parâmetros aceitáveis. Aqui, depende em muito da pessoa como e quando assume que quer prosseguir a vida ao lado de alguém, é este o ponto fulcral, porque tem de saber lidar com a oposição pois há também sentimentos que tem de respeitar. Essa pessoa é livre de ser feliz novamente, de encontrar um novo companheiro, levar por diante o que a lei da vida manda, viver e ser feliz ao lado de alguém, contudo não pode ferir os sentimentos de quem a ajudou e ajuda nos momentos difíceis após a perca. Ferir sentimentos passa em muito por querer levar por diante actos sem que um filho esteja preparado, esquecer-se de pessoas que a ajudaram nos momentos difíceis. Do lado de um filho terá de perceber que ninguém substitui quem partiu mas preenche o seu espaço e é esse espaço que tem de ser respeitado. Mas há casos que um filho não aceita e para piorar ainda mora na mesma casa. Por bem, se tiver hipóteses de sair é o melhor, pois será melhor tanto para ele como para quem fica. O tempo quase que apaga tudo e mais tarde ou mais cedo verá que a felicidade dessa pessoa, se soube encontrar, fará com que mude em muito de opinião.
Se me acontecer a mim, vou ser egoísta, mas deixar prosseguir a vida se assim quiser e também eu esperar que mude a minha opinião. Com tudo, darei força na mesma para que continue a ser feliz e se ser feliz nesse momento for com alguém então assim será.
«...hoje por não aguentar tal pressão saiu de casa e acho que foi o melhor por agora. Verá que por trás de todos os sentimentos de raiva, angustia, ainda existe lá o de adorar ainda muito quem deixou lá em casa.»
Olha, a opinião de quem passou pela situação, que é o meu caso, é que é muito mas muito dificil aceitar uma re-estruturação da tua família. Mas os anos passam e acabamos por ter de aceitar, mesmo que contrariados. Para mim foi muito dificil e posso dizer-te que nunca irei o dia em que acordei e encontrei um homem na minha casa. Homem que não conhecia, homem que dormia todos os dias na cama que em tempos tinha sido do meu pai.
ResponderEliminarMas a vida é assim...:)