Vicente jogava na sua playstation o tão aguardado jogo Fifa 2010, o jogo que marcaria a sua vida para sempre. O seu LCD irradiava um verde do campo sempre brilhante, não por ser do jogo, mas na verdade por o estádio da Luz ter um relvado sempre bem cuidado. Na realidade, quem fez o jogo retratou bem essa qualidade e naquele momento Vicente estava fascinado pela qualidade em si mas porque o resultado do jogo lhe transmitia uma memória sempre presente. O Benfica ganhava 6-3 ao rival Sporting.
- Bolas faltou a luz. Mãe liga ai o quadro da luz.
- Estás a brincar é?
- Não mãe, estava a jogar e desligou-se a luz.
- Olha vai brincar com outra que não estou com paciência para te aturar.
- A sério mãe, liga lá porque estás mais perto do quadro.
Algo percorreu o interior de Vicente que o fez parar de imediato e a sua consciência o fez estremecer. Vicente não via o jogo mas lá no fundo ele sabia que algo não estava bem.
- Mãe. Por acaso estás a ouvir o som do jogo?
- Sim Vicente - a mãe deslocava-se agora até à sala para por fim à conversa - e neste momento estás já a perder. Ias tão bem no jogo ou os jogadores nos jogos também se cansam?
- Estás a ouvir e a ver mãe?
- Vicente então?
O instinto maternal inconfundível de mãe falou mais alto e naquele momento viu que algo não estaria bem com Vicente. Rodopiou os sofás ficando de frente para ele. Vicente tinha o comando nas mãos e olhava para parte incerta. O seu olhar era fixo em algo, a sua expressão era diferente e os seus olhos abertos naquele momento pareciam não ter expressão nenhuma.
- Vicente filho, estás me a ouvir filho?
- Sim mãe mas acende a luz. Não estou a perceber, ouço o jogo mas não compreendo porque dá som e não dá luz.
- Ó meu filho eu estou aqui.
Sandra aflita por não perceber mas compreender o que realmente se estava a passar, acolheu Vicente entre seus braços e afagando-lhe a sua face no seu peito relembrou o ultimo diagnóstico de Vicente nos últimos exames. De seus olhos escorreram umas cintilantes lágrimas que caíram nos fios de cabelo de seu filho. Sandra pegou no comando do LCD e desligou para si as imagens e som, e para Vicente apenas o som. Vicente acabara de perder a visão como os médicos previam.
- Mãe não estou a ouvir agora.
- Sim filho, a mãe também não está a ouvir. A luz foi a baixo.
- Está bem mãe.
Naquele dia Sandra mentiu a Vicente mas sabia que a mentira tem perna curta.
Ela sabia que a mentira não era total porque não tendo a luz ido abaixo, para ela a maior luz dos seus olhos tinha ido, Vicente estava cego.
Este post bem poderia ser o inicio de uma história de um livro. Para mim, fica apenas uma dedicação a todos os invisuais por ter um enorme respeito. Sei que os nossos sentidos na perca de um, os outros ganham ainda mais força. Sei que não vão conseguir ler aqui, mas fica para quem o leia e se conhecerem alguém, leiam-no e digam-lhe que tenho um grande carinho por todos nesta situação.
Fiquei com lágrima no olho. É simplesmente arrepiante, mas muito real esta ficção.
ResponderEliminarObrigado Ana Margarida. Para quem não conhece esta Ana, é uma colega minha que tem sido sempre um grande suporte na minha caminhada no emprego.
ResponderEliminarObrigado por comentares e principalmente por seres quem és. És pequenina mas muito grande para mim como humana.
ficção cheia de realidade, é com prazer que leio os teus “textos”
ResponderEliminarPaty, Patricia Torres. A minha mulher diz que ela é das miudas mais giraças da empresa. Obrigado pelo teu carinho e pela tua amizade.
ResponderEliminarPaulo, a mim, como a Ana, também me vieram as lágimas aos olhos... muito bom e obrigada por partilhares, nem sempre consigo ler o teu blog.
ResponderEliminarBeijinhos, Vanda
Vanda, aquela miúda das gargalhadas estridentes. Grande colega e grande amiga. Nunca a vi triste, apenas um dia que lhe perguntei o que se passava. Não era nada, mas era... Beijo miúda e obrigado.
ResponderEliminarEsta um espetaculo parece mesmo real...Ja te disse para escreveres um livro porque tens muito geito.continua assim porque ainda vais ter um futuro brilhante.beijo
ResponderEliminarArrepiante! Vá escrevendo...um capítulo de cada vez. Promete.
ResponderEliminarLuís Melancia?
ResponderEliminarEntre muitas coisas que este senhor faz, uma delas é um grande vizinho e talvez o impulsionador de tudo isto. Obrigado por ser meu grande AMIGO.
Está impressionante.
ResponderEliminarPor momentos, na minha cabeça estava a ver o filme todo como se fosse realidade, pior ainda, na minha sala e pior ainda........
Bolas, tira estes pensamentos da tua cabeça, pensei cá para mim enquanto continuava a ler.
Pode acontecer connosco ou com os nossos a verdade é essa.
para ti amigo, se fizeres o livro, eu vou pedir para o assinares.
O que escreves tem muita qualidade e é muito real.
vai em frente
Abraços
Obrigado amigo António Lourenço, mas acertas-te no ponto que me anda a consumir. Se um dia isso fosse verdade é obvio que tinha de aprender a fazer uma bonita assinatura...LOL.
ResponderEliminarO melhor deste texto é que ele todo e perfeito, o mau e que pode acontecer a todos... Ninguem escolhe o que de mal nos pode vir a acontecer na vida...
ResponderEliminarAinda bem ,que tu primo, nos vens mostrando alguns dos muitos problemas que nos pode afectar e assim pode ser que quem leia os teus textos, olhe para a vida e a aproveita...
Continua assim primo e vê se aproveitas este dom que tens de escrever, e faz la o olivro das argolas autografado :D
Está um espactáculo, onde vais buscar tanta imaginação? Mas é uma triste história...
ResponderEliminarPaula Oliveira, directora de meios, uma confidente e amiga. Todas as histórias têm o seu lado triste. Compete-nos a nós pinta-la de cores alegres. Como todos os esboços, este é a preto.
ResponderEliminarPuto está simplesmente arrepiante...vieram-me as lágrimas aos olhos com este texto. Parece que não fui a única. Vou espreitar os outros posts.
ResponderEliminarTeresa Oliveira
Teresa Oliveira, directora como a Paula Oliveira. Conheço-a à bastantes anos e sei que ela também me conhece bem. É sem duvida uma das pessoas que está no meu top e sei que chegará a um top(o).Obrigado Teresa.
ResponderEliminarsimplesmente este texto está profundo, intenso..
ResponderEliminaré de uma sensibilidade única!
Continua.
bjkas gds primo
Miúdo, grande prosa, não desperdices este talento.
ResponderEliminarMuito bom, continua, se possível com uma história menos triste, digo eu, que sou uma piegas
Dulce Dulce, grande senhora dentro de uma grande empresa. Obrigado. Posso prometer só que...vou tentar.
ResponderEliminarÉ arrepiante! Gostei muito.
ResponderEliminarObrigado por partilhares.
Sandra
Obrigado Sandra. Poderá ser ou não um começo de algo...
ResponderEliminarQuerido cunhado adorei esta prosa.
ResponderEliminarEstá super profunda, já a li e reli muitas vezes e sempre que o fasso choro.
Até porque tenho um tio invisual como sabes, e mete-me uma certa confusão.
Com tempo habituamo-nos a isso, mas é sempre estranho, principalmente quando dizemos "olha ali, estás a ver".
Enfim parece que eles se adaptam menos nós. Ou melhor aprendem a viver de maneira diferente.
E sim podia ser um começo de um grande livro.
Até lá espero poder continuar a seguir aqui este maravilhoso blog.
Beijinho.
Pela º1 vez. de mts vezes ouvir comentar és um escritor com uma capacidade imensa de escrever......gostei e partilho da mesma opiniao de todos os comentários aqui escritos!Dou-te os meus parabens.Esta história é um facto real entre mts outros em que nós vivemos e nós seres humanos não damos o devido valor á vida que pode ser tão curta.Adorei e assino por baixo
ResponderEliminarObrigado Xana, estou a tentar fazer (escrever o que por aqui vai dentro). Obrigado por vires aqui ao meu cantinho.
ResponderEliminarE lindo quando alguem nós dá valor,pelo que somos ,pelo que fizemos .Grande prova e declaraçao de Amor.Que continuem assim, com a vossa fiha que é a vossa razão de viver.E que vivam felizes para sempre.
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