Hoje tomei conhecimento de algo que me fez estremecer um pouco, não pela idade, mas talvez por nunca ter olhado bem. Os anos passam e temos sempre a noção das pessoas chegadas manter o mesmo aspecto, a mesma energia todos os anos. A uma certa idade, caminhamos todos os dias na direcção contrária dos primeiros anos de vida. Chegámos então ao pico e começamos na curva descendente. Mas a convivência e o dia a dia não nos faz olhar direito para a lei da vida, o envelhecer. Dizemos no fim de ano..."..bolas mais um Natal. Este ano passou rápido." Claro que o tempo foi o mesmo. Talvez essa sensação venha por não termos aproveitado os bons momentos, nos termos cingido a coleccionar e a memorizar os maus momentos do ano. É certo que uma mágoa tinge mais de dor o nosso avermelhado coração, nos custe mais a passar, mas mesmo assim as primeiras a recordar. Naquele momento, recuei a anos da minha infância, puberdade, adolescente, prestes a casar, casado e por fim adulto. Em todas estas etapas olhei sempre para essa pessoa como um ente querido mas nem sempre fui presente. A distância de sentimentos foi uma constante, não sei porque. Nunca esteve em causa o gostar. Mas foi hoje ao reparar profundamente os seus olhos, o seu rosto, o seu cansaço que caí em mim. Os anos estão a passar por essa pessoa como a todos nós. Mas aos meus olhos hoje, tive a sensação que não a via há muitos anos. Talvez por ter perdido uns minutos a olha-lo com mais carinho e reflectir o que estava a ver.
...dentro do carro disse à minha mulher.
- Está a ficar cansado e velho...
...arranquei a olhar pelo retrovisor e lá ficou aquela imagem que à minutos a consumi como nunca antes. Ali de pé, ficou a olhar triste por nos ver partir. Olhei de lado para a rua enquanto os olhos se enchiam de lágrimas que me escorreram pela cara.
- Quem é?... seu nome José Cadeiras... meu doce Pai...
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