quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um dia de Emoção

Hoje tomei conhecimento de algo que me fez estremecer um pouco, não pela idade, mas talvez por nunca ter olhado bem. Os anos passam e temos sempre a noção das pessoas chegadas manter o mesmo aspecto, a mesma energia todos os anos. A uma certa idade, caminhamos todos os dias na direcção contrária dos primeiros anos de vida. Chegámos então ao pico e começamos na curva descendente. Mas a convivência e o dia a dia não nos faz olhar direito para a lei da vida, o envelhecer. Dizemos no fim de ano..."..bolas mais um Natal. Este ano passou rápido." Claro que o tempo foi o mesmo. Talvez essa sensação venha por não termos aproveitado os bons momentos, nos termos cingido a coleccionar e a memorizar os maus momentos do ano. É certo que uma mágoa tinge mais de dor o nosso avermelhado coração, nos custe mais a passar, mas mesmo assim as primeiras a recordar. Naquele momento, recuei a anos da minha infância, puberdade, adolescente, prestes a casar, casado e por fim adulto. Em todas estas etapas olhei sempre para essa pessoa como um ente querido mas nem sempre fui presente. A distância de sentimentos foi uma constante, não sei porque. Nunca esteve em causa o gostar. Mas foi hoje ao reparar profundamente os seus olhos, o seu rosto, o seu cansaço que caí em mim. Os anos estão a passar por essa pessoa como a todos nós. Mas aos meus olhos hoje, tive a sensação que não a via há muitos anos. Talvez por ter perdido uns minutos a olha-lo com mais carinho e reflectir o que estava a ver.

...dentro do carro disse à minha mulher.

- Está a ficar cansado e velho...

...arranquei a olhar pelo retrovisor e lá ficou aquela imagem que à minutos a consumi como nunca antes. Ali de pé, ficou a olhar triste por nos ver partir.
Olhei de lado para a rua enquanto os olhos se enchiam de lágrimas que me escorreram pela cara.
- Quem é?... seu nome José Cadeiras... meu doce Pai...

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