Todos nós temos um mar dentro de nós. E ninguém, repito, e ninguém, tem
as suas águas límpidas por completo. Alguns bem tentam esconder o sujo, o
cheiro a podre de que essa água emana, e assim vão pensando, que
conseguem controlar o cheiro que vai chegando aos nossos narizes como
facas olfactivas. Mas nem tudo é mau, pois onde acaba a podridão começa o
azul do mar, aquela água azul incolor.
E é esse tom de água,
essa água límpida e sem quaisquer lixo que todos procuramos ter em maior
quantidade por metros cúbicos. E queremos que ele se estenda até a uma
linha imaginária, uma linha que ninguém consiga atingir, uma linha bem
lá no fundo onde a nossa própria visão começa de novo a perder a linha
de raciocínio, onde tudo é belo mas não controlado pela nossa razão!
Querer ver para lá do que é impossível, tornando-nos focados apenas
nisso, vai deixando que pouco a pouco nos deixemos de focar na porcaria
que está bem ao nosso lado.
Então o que há fazer é apenas
conseguir viver dentro daquilo que é nosso, tentando sim limpar o máximo
que possamos e vivermos dentro de um padrão de qualidade residual. Não
te importes com as águas mais impróprias porque a Natureza conseguiu uma
solução a que todos nós chamamos de marés (cheia e vazia) e por isso, o
que hoje te parece sujo e imundo, amanhã será um paraíso.
Mas
nunca deixes que o teu trabalho de casa seja sempre salvaguardado pela
mãe Natureza, porque passando ela por senhora de limpeza, nunca passará
disso, pois a casa é tua!
(Foto de Mafalda Duarte)
Paulo Cadeiras 2-12-2011
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