terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ponto de nível. (dedicado ao meu avô) R I P


Tento ser recto e rectilíneo
Numa perfeita horizontalidade
Por vezes na postura vertical
Mas sempre unidos por pontos
Bem definidos no geral.

Tracei-os a lápis para ser mais fácil apagar
Não vá eu falhar no ponto de equilíbrio!
Régua e esquadro como manda a regra
Compasso usado num contrapasso da minha mão
Acabei a minha obra pois então!

Passei-a para a grande folha branca
Traços, riscos, rabiscos que deram por fim ao projecto
E lançado ao Mundo tentará embeleza-lo!
Sim, sem dúvida o mais sublime projecto que eu já vi!
Ou será que o meu ego me cega tanto
Ao ponto de não querer ver
Que não sou o único Arquitecto!

E dei comigo a pensar que o mesmo se passa na Humanidade e no nosso ser. Tentamos ser equilibrados, medimos e remedimos as medidas para que tudo esteja na tal “medida certa”. Tentamos o mais possível andar direitos e bem deitados, achar os tais pontos de equilíbrio do nosso ser, e dos nossos actos queremos depois das medidas feitas e resultados dados, todos estejam certos pela prova dos nove. Como eu digo; queremos ser uma fórmula matemática exemplar.

E nesta procura da linha mais bela e mais sublime, por vezes atravessamos as linhas de outro infligindo-lhe mágoa e dor, linhas de um outro projecto que bem pode ser diferente mas rabiscadas por um igual a nós. E o pior não fica por aí; galgamos essas linhas, essas margens lineares e tentamos, apaga-las para passarem as nossas. Procuramos ser assim o mais perfeito e linear exemplar da Humanidade…

…Esquecendo apenas de uma coisa…

A Humanidade procura o ponto de nível, num Mundo Redondo...

Paulo Cadeiras 22-02-2011.

2 comentários:

  1. O melhor que fica guardado em nós são todos os bons momentos que se passam ao lado de alguém que nos é tão querido.
    Em qualquer outro lugar, sei que ele te está a ver e a olhar por ti e tenho toda a certeza que foi um orgulho e será para sempre ter um neto assim.
    Ao mesmo tempo sei que ele ainda te vê e escuta e por isso com certeza deve estar muito contente por este lindo texto que escreves-te homenageando assim esta pessoa que te foi tão importante.
    Se o pudesses ouvir dizer-te-ia um grande obrigado, e se de novo pudesses sentir dar-te-ia um grande abraço mas como há coisas na vida que nunca mais voltam e por isso nos deixam eternamente saudades o melhor é guardar tudo o que dessa pessoa temos.

    Cunhado, é um texto muito lindo e vê-se que dentro dele tem muito carinho. E sei que ele deixará muitas saudades.
    Beijinho grande.

    Jéssica

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  2. Jéssica muito obrigado. Quanto às saudades, tenho por aí um que se chama Saudade de ter Saudades...
    Acho que diz tudo o que eu sinto por isso...

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