quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Dores...

Há muito tempo, alguém me perguntou se eu sabia qual era a maior dor. Eu respondi que era a de dentes. Voltou-se e disse, que não era a Pior dor mas sim a Maior.

Fiz outra tentativa mas já não me lembro qual foi, mas eram dores comuns.

Respondeu; as piores dores normalmente passam com analgésicos mas a MAIOR dor não tem cura e nem remédios...chama-se Dor de Cotovelo!

Ainda hoje penso nisso...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ponto de nível. (dedicado ao meu avô) R I P


Tento ser recto e rectilíneo
Numa perfeita horizontalidade
Por vezes na postura vertical
Mas sempre unidos por pontos
Bem definidos no geral.

Tracei-os a lápis para ser mais fácil apagar
Não vá eu falhar no ponto de equilíbrio!
Régua e esquadro como manda a regra
Compasso usado num contrapasso da minha mão
Acabei a minha obra pois então!

Passei-a para a grande folha branca
Traços, riscos, rabiscos que deram por fim ao projecto
E lançado ao Mundo tentará embeleza-lo!
Sim, sem dúvida o mais sublime projecto que eu já vi!
Ou será que o meu ego me cega tanto
Ao ponto de não querer ver
Que não sou o único Arquitecto!

E dei comigo a pensar que o mesmo se passa na Humanidade e no nosso ser. Tentamos ser equilibrados, medimos e remedimos as medidas para que tudo esteja na tal “medida certa”. Tentamos o mais possível andar direitos e bem deitados, achar os tais pontos de equilíbrio do nosso ser, e dos nossos actos queremos depois das medidas feitas e resultados dados, todos estejam certos pela prova dos nove. Como eu digo; queremos ser uma fórmula matemática exemplar.

E nesta procura da linha mais bela e mais sublime, por vezes atravessamos as linhas de outro infligindo-lhe mágoa e dor, linhas de um outro projecto que bem pode ser diferente mas rabiscadas por um igual a nós. E o pior não fica por aí; galgamos essas linhas, essas margens lineares e tentamos, apaga-las para passarem as nossas. Procuramos ser assim o mais perfeito e linear exemplar da Humanidade…

…Esquecendo apenas de uma coisa…

A Humanidade procura o ponto de nível, num Mundo Redondo...

Paulo Cadeiras 22-02-2011.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Lapidar o Coração!


Pedra que o homem retirou do solo
No solo que a manteve vários anos
E num estado bruto a reteve entre si
Presa, apertada, ou talvez cuidando dela,
Como se ela pertencesse a si.

Talhada de várias formas
Nas mãos do homem foi modificada
E para várias formas ela servirá
Mas ela era apenas uma pedra em estado bruto!
Guardada no meio da terra, da Terra.

Ninguém lhe perguntou se queria sair
Se queria hoje ser divisível de várias maneiras
Mas pela mão do homem, ainda que dividida em várias formas
Da invisibilidade do seu estado bruto
Passou à visibilidade num estado abrupto.


Também fazemos o mesmo na pedra que temos dentro de nós, uma pedra de cor avermelhada a que chamamos coração. Também o descobrimos e redescobrimos várias vezes, também o mantemos dentro de nós vários anos mas nem sempre o trabalhamos da melhor maneira.

Talhamo-lo e por vezes ao ponto de o dividir. Se ele ao menos pudesse falar!
Mas ele não precisa saber falar, nós é que devemos aprender a escutar!
Podemos até tratar dele como uma pedra, dividi-lo, por vezes rasgos nunca mais apagados, cicatrizes feitas no invisível que por mais anos que passem ficarão sempre visíveis.

E só por isso, como uma pedra em bruto que precisa de ser trabalhada pela mão do homem, também o coração precisa de o ser…mas de uma maneira.

Não talhes o coração até o dividires; lapida-o gentilmente conforme ele te peça…até teres uma Bela Peça!

Paulo Cadeiras em 17-02-2011.