quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Espelho.

Quem não se lembra da história da Branca de Neve e da personagem que fazia a pergunta a um espelho sobre a sua beleza? A pergunta que ela fazia era;
"Espelho meu espelho meu, haverá alguém mais bela do que eu?"
Esta pergunta já era como um dado adquirido que não haveria ninguém e por isso, para ela esta pergunta passaria a resposta e logo a uma afirmação.

Quantos de nós já não perdemos algum tempo a olhar o espelho?

A diferença entre o nosso espelho e o da história é de apenas uma pequena questão, que passa a ser enorme nos dias de hoje. O espelho da história tinha vida própria, opinião própria e não mentia, o nosso, mente muito.

O reflexo que nos é dado quando estamos diante dele, a cara, o cabelo, os olhos, e o que vimos lá? Nós, claro.
Mas aquela imagem não será apenas um duplo de nós próprios e ao mesmo tempo um imitador?
Terá aquela imagem projectada no espelho, também ela uma consciência do seu dono, que somos nós?

Experimentem ficar em frente ao espelho e olharem só os olhos. Lentamente vão-se chegando ao espelho até encostarem o nariz nele sem nunca deixarem de olhar os olhos. Conseguiram ver os olhos sempre? Não.
Quando chegaram perto do espelho os olhos desfocaram. E já agora, conseguiram ver o interior dos olhos? Conseguiram ver o que está por trás deles?

Utilizem no vosso dia-a-dia este teste e pensem que nem nós próprios conseguimos focar aquilo que somos. Conhecemos apenas aquilo que queremos ser, focamos apenas o que nos interessa, o resto não tem lugar no espelho. Como é possível não nos conseguirmos ver a nós próprios tão perto da nossa imagem? Será que nem nós nos aceitamos por vezes em nós?

Gostava às vezes de ter um espelho que me disse-se umas verdades…

Por Paulo Cadeiras em 28-01-2010.

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