segunda-feira, 6 de junho de 2011

Âncora da minha vida.


Entre ventos e tempestades
A água formava muralhas altas
Parecendo as garras de um monstro
Não marinho, não terrestre
Um monstro incontrolável
Um demónio miserável!

E o barco fustigado por ventos
Pelo rebentamento das ondas
Que se formavam pelo sopro do monstro
Faziam a madeira ranger de dor
Numa dor desesperante
Num terror dilacerante!

Não podia ser vencido pelo medo
Não podia ser convencido que tinha medo
Não podia ser eu, o causador daquele medo!

Guinei com força e coragem o barco
Os poucos farrapos das velas que sobraram
Rasgaram de imediato ao fazerem frente ao bafo do monstro
O mastro central quebrou pelo meio
Embatendo lá em baixo no mar furioso
E de repente o barco parou silencioso!

…Acordei!

Escorria pelo meu peito não a água da tempestade mas o suor daquele pesadelo. Olhei para o lado e a minha mulher dormia, linda como sempre!

Perguntei-me, porquê que o barco parou subitamente no meio da tempestade? Tinha de voltar ao sonho, tinha de descobrir esse significado. Fiz um esforço e adormeci…

A tempestade continuava, o monstro soprava mas o barco estava parado, indiferente a todo o cenário de terror e horror. Bem no meio do leme, um papel molhado e já meio desfeito mostrava-me algumas palavras…

“Amor, nem sempre se pode fugir das tempestades da vida, nem sempre se podem ignorar. Estarei sempre aqui ao teu lado para o bom e o mal, serei sempre o teu ponto de equilíbrio.”

As letras do pedaço de papel, lentamente foram escorrendo, acabando por o papel se desfazer logo depois. Corri até à proa do barco e parei. Percebi então! A âncora tinha sido lançada ao mar...
Voltei de novo ao Mundo real e a minha mulher continuava no seu sono profundo, pensava eu!
Virei-me para ela e antes que a abraçasse, com os olhos fechados disse…

“Estarei sempre aqui para te ancorar a mim e à tua filha. Juntos, enfrentaremos todas as tempestades.”

Juntos de novo, adormecemos …Ancorados!

(à minha âncora da vida…Vera Susana)

Paulo Cadeiras 06-06-2011.

1 comentário:

  1. Que lindo poema de amor, Paulo!
    Que bom sentir essa tua felicidade junto da Mulher que amas... essa maneira forte e ao mesmo tempo tranquilizadora com que se amam...
    Parabéns!

    um anjo

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