Enquanto via os minutos a passarem parado no trânsito, entretive-me em pensamentos! Olhava para a frente, para os lados, pelos retrovisores e a minha imagem mental era a mesma; pessoas diferentes mas todas chateadas com a situação do trânsito, todas diferentes mas iguais na mesma matéria, focadas naquele momento, na arrelia de estarmos ali parados no tempo. Com isto seguiu-se uma pergunta que já nada tinha a ver com a situação, apenas serviu para ter tempo para outras voltas cerebrais.
Perguntei-me, se fizermos uma questão simples se nos conhecemos, a resposta vai ser total que sim! Todos temos a certeza de quem somos, o que gostamos, o que odiamos, o que temos de bom (aqui somos os maiores), os defeitos (temos muitos e até os reconhecemos, mas mudar é mais difícil) etc etc. Mas será assim tão certo? Na minha humilde opinião, Não!
O que sabemos de nós são traços do nosso ser, riscos que ao longo da vida vamos rabiscando, alterando aqui e ali, apagando ou rasurando por cima do que já está feito. Vamos assim tipo, erguendo pouco a pouco o nosso boneco. Há quem comece a rabiscar por baixo, pelos pés, outros pelo tronco, pelos braços, mas no final o nosso holograma fica pronto. Até aqui tudo fácil!
A tarefa mais árdua da nossa tela passa pela parte da construção da cabeça e do coração. Traçar um perfil cerebral, emocional é difícil e até penoso. Construir um ser perfeito é impossível e até me atrevo a dizer que o será sempre, cabendo a cada um de nós fazer o seu melhor, fazer os traços mais sublimes que pudermos. Eu vou rabiscando o meu boneco como todos, como posso, apagando aqui e ali, rasurando mas
sempre tentando que ele me pareça um bom boneco! Sim, somos todos uns bons bonecos!
Quanto à parte do coração tenho a mesma dificuldade que todos, instável nos traços e na sua concepção. Quanto à cabeça tento lhe impor o meu traço mestre mas sem esquecer que não é o perfeito. E por isso ali no trânsito vi que por mais diferentes que sejamos, todos tentamos ter o melhor conhecimento de nós próprios, sem mesmo saber desenhar-mo-nos na perfeição!
E o que tento ser eu…
...uma peça de um puzzle como tantas outras, que mostra a Terra redonda e Azul, com uma simples diferença, encaixa em qualquer parte do quadro...
Tento compreender todos! O tentar é um grande passo hoje em dia…
Paulo Cadeiras 05-04-2011.
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